Deborissima à oliva española :: Edición Barcelona

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miércoles, enero 24, 2007

A chave do Baú

Todo mundo que nasce de um ventre materno tem uma família. E existem famílias de todos os tipos e estilos - e ainda me refiro às famílias com laços sanguíneos.

Quando estamos fora do ventre materno, do ninho ou de baixo das asas da família nos forçamos - creio que por puro instinto - a procurar uma família. Um grupo ou uma pessoa com quem nos relacionamos nas alegrias e nas tristezas, na riqueza e na pobreza e isso nem é casamento. É família por opçao. É aquela pessoa que tu escolhe pra ter o teu sangue, pra fazer parte das partes mais profundas da tua vida. Aquele indivíduo que vai estar ali naquele momento crítico. É pra quem tu conta a tua vida. Pra quem tu te despe como ser humano. É aquela pessoa que tu escolheu pra estar do teu lado te dando apoio, mesmo quando é desnecessário. É pra quem tu te expoe - do lado mais sujo e podre ao mais puro e belo. Ou o mais simples.

Eu escolhi uma pessoa pra ser a minha família. Claro que tenho um grupo de pessoas que juntas sao a minha família aqui em Barcelona, mas tem uminha em especial que é aquela que eu vejo praticamente todos os dias. E se nao nos vemos, nos falamos. E mesmo com todo esse contato diário sempre temos um assunto. E é a vida cotidiana que cria a intimidade e o conforto pra tu deixares a pessoa chegar cada vez mais perto. E se tu abre espaço ela vem vindo com aquela lente de aumento e enxerga até o cravo que tu tem na voltinha do nariz. Dá vontade de espremer (espremer é com "x" ou com "s", hein?), claro! Sempre dá.

Pouco a pouco a convivencia se fortalece e a tua família por opción começa a te mostrar coisas sobre ti mesma, mas que antes tu nao percebia ou nao queria perceber.

Foi mais ou menos assim que eu descobri e entendi "meia boca" um lance que é uma característica minha. Uma coisa muito profunda que eu nunca tinha enxergado antes: eu guardo os sentimentos. Eu seguro as coisas dentro de mim - e acho que só saber disso já explica vários outros sintomas físicos que ocorrem no meu organismo.

Tem gente que quando está ansiosa nao consegue comer nada. Eu percebi que quando estou assim como além da conta. É a fome dos nervos. Me parece que é a forma de segurar a coisa lá dentro, e isso é péssimo.

Outro sintoma: estou no aeroporto prestes a ver a minha família depois de 3 meses longe. Aí eu busco uma cadeira, porque estou me sentindo mal. Mas o que eu sentia? Muito simples, caro Watson: eu sentia tontura, fome, vontade de vomitar, dor de cabeça e medo de desmaiar - tudojuntoaomesmotempo. A minha emoçao de ver a minha família era tao grande e tao forte, mas eu nao conseguia botar pra fora em forma de lágrimas - talvez - que o meu corpo reagiu com essa mistura de sensaçoes.

Foi aí, através de um simples comentário da minha família por opçao, que eu enxerguei o absurdo que eu fazia comigo mesma. Que como é uma verdadeira merda guardar as coisas - e olha que tem sentimentos que eu nem guardo tanto assim. Sou totalmente partidária de dar a cara pra bater e falar o que se tem vontade - e eu realmente faço isso. Mas enfim, tem coisas que ainda ficam aqui dentro do meu bauzinho de emociones.

Quero me liberar disso. Nao sei bem a razao de trancafiar coisas a sete chaves. Eu arrisco e ouso tanto em infinitas coisas e porque sou assim com fatos tao simples da vida?

Sao questoes como essa que a lupa da convivencia no dia-a-dia me mostrou e que só eu sou capaz de solucionar.