Deborissima à oliva española :: Edición Barcelona

Tudojuntoaomesmotempoagora.

viernes, febrero 02, 2007

100 Billion Stars


Hoje foi um dia de muitas emocoes introspectivas. Eu sozinha comigo mesma durante 6 horas de trabalho - uma hora a mais do que o normal, porque hoje foi dia de concerto. Além disso, mudei de local. Ao invés da Pl. de la Boquería, na companhia do meu fiel amigo dragao, fui pro Corte Inglés do Portal de l'Angel. Friaca desgraçada, os flyers e eu.

Bom, foi aí que tudo começou. Uma enxurrada de pensamentos. Alguns que já me visitaram anteriormente e outros que surtiram sintomas totalmente psicológicos. E pareceu que a minha mente tinha tudo muito bem bolado, um planejamento estratégico perfeito pra fazer o meu tempo de trabalho passar mais rápido.

E agora eu vou contar tudo, com todos os detalhes que eu quiser.

O início foi por volta das 10h15 da manha, quando vi algumas cenas na rua. Nao tinha muito turista e eu fiquei observando bastante as pessoas. Vi vários casais trocando carinhos, beijos apaixonados, pais com filhos, com bebês. Vi uma guriazinha que poderia ser minha filha certo! Loirinha, com o cabelinho bem lisinho e um olhao azul.

Que eu estou com o instinto maternal à flor da pele todo mundo tá careca de saber. Todo mundo que acompanha o blog. Enfim, acho que me sinto pronta pra maternidade. Nunca, nunca, nunca tive o desejo de ser mae. Eu sempre soube que as vias naturais da vida iam me levar pra esse caminho um dia, mas aquele desejo louco que muita mulher sempre teve eu nao tinha. Comecei a descobrir essa estranha sensaçao aqui em Barcelona. Era uma vontade de cuidar de alguém, de ter um serzinho que dependesse de mim e tal. Tanto é que eu pensei em comprar uma planta, porque atualmente eu nao tenho a menor condiçao de ter um filho e tampoco de ter um bicho de estimaçao. Uma planta seria o mais fácil pra tapar esse buraco.

Aqui se vê muitas famílias com filhos adotivos. Nao sei se é uma coisa cultural da europa ou da españa. Mas assim, é totalmente comum se ver famílias com bebês que nao têm absolutamente NADA a ver com os pais. Um dia eu vi perto do Porto um casal de alemaes com uma filhinha japa. Ela era a coisa mais querida do mundo! E outra vez fiquei brincando de mostrar a língua com um gurizinho mulato que nao tinha nada a ver com os pais brancos de cabelos claros. Esse segundo bebê me ganhou muito, porque a gente ficou brincando por uns 7 minutos sem que os pais dele vissem, porque estavam procurando alguma coisa no mapa, no meio das ramblas. Eu tava trabalhando e vi o gurizinho me olhando de longe. Aí comecei a mostrar a língua e a abanar. Ele continuava sério me olhando e era só eu me distrair e nao olhar pra ele que ele botava a língua pra mim. Simplesmente um amoooooooooooor!! E quando os pais dele empurraram o carrinho pra irem embora o pequeno me abanou e só assim os pais dele viram que a gente tava se divertindo a longa distancia.

Entao foi assim. Foi dessa forma que eu desenvolvi o sentimento maternal e a vontade de ter um filho. Dois na verdade. Um casal de preferência - como o Dani e eu. Um natural e o outro adotado.

Na sequencia do pensamento sobre ser mae, veio o que deveria ter sido o pensamento primeiro: casar.

Casar é outra coisa que eu nuuuuuuuuuuuuuunca sonhei. Meu sonho nunca foi casar de véu e grinalda - tanto é que até hoje eu nao sei direito o que é uma grinalda. Quando saí de POA eu já pensava em casar, mas só no civil. Nao preciso de uma mega festança e gastar rios de dinheiro, tampoco criar uma briga entre as famílias. Casa na igreja ou na sinagoga? Quem se converte? Casamento conjugado (aquele que é das duas religioes ao mesmo tempo, que eu nao lembro o nome agora)? Enfim, vamos pro civil que encurta o caminho e os gastos.

Hoje nao foi a primeira vez que pensei em casamento aqui em Barcelona, mas talvez tenha sido só hoje que consegui refletir mais profundamente sobre isso. Eu quero me casar. Me lembro bem que durante a minha adolescencia eu pensava que só casaria depois de aproveitar muito a minha vida - e esse "aproveitar" nao significa sair ficando e dando pro primeiro que aparece, nao. Até porque eu sou uma mulher de poucos homens e uma moça de família (hahahahaha. Adoro esse discurso!). Enfm, eu queria aproveitar bem a minha vida de solteira, porque quando eu casar quero ser que nem os meus pais: casar pra vida inteira. Eles sao o meu modelo de matrimônio e eu desejo muito que o meu casório também seja assim, infinito enquanto dure. E o infinito deles ainda nao acabou.

Creio que pra um relacionamento amoroso dar certo mesmo, claro que além de as pessoas se darem bem, conversarem, serem sinceras uma com a outra, de admirarem sempre, se apoiarem, agregarem coisas e etc, etc, etc, elas precisam ter vivido as coisas na etapa certa da vida. Por exemplo: quantas histórias a gente nao houve que o fulano depois de nao sei quantos anos de casado pulou a cerca e a mulher é a maior corna da história? Aí tu vai descobrir depois que quando jovem o fulano nao passou pela sua fase "galinha". Enfim, to resumindo muito o papo e nao quero generalizar, apesar de estar generalizando.
Bueno, entao hoje eu pensei que talvez eu me sinta pronta pra casar. Acho que eu aproveitei bem a minha vida de solteira e me parece que faltava eu realizar esse sonho de viajar e ter toda essa experiencia que vivo aqui. Morar sozinha, nao dar explicaçao pra ninguém, fazer faxina, fazer as compras, cozinhar. Enfim, um conjunto de coisas que eu nunca tive que depender só de mim pra fazer e agora faço. Me sinto mais madura pra ter um relacionamento mais sério, mais profundo, mais entregue. E sim, eu quero dividir a minha vida com alguém e quero a minha parte da vida do outro. Quero poder chegar na MINHA casinha, ou melhor, na NOSSA casinha e só ficar deitadinha olhando no fundo dos olhos e adormecer assim. Ou passar a manha de domingo se enrolando pra sair da cama. Ou sair caminhando pela cidade pra esfriar a cabeça depois de uma briga. Enfim, um monte de coisas. Um monte de coisas que agora eu me vejo fazendo no futuro. Que além de somente enxergar eu tenho vontade.

E agora os caros e fiéis leitores se perguntam: "Tá, mas tu quer voltar pra POA e casar? Tá desesperada?"

Naaaaaaaaaaao, meu querido ou minha querida. Ninguém falou em desespero. Eu falei em preparo. É diferente.

Quando eu voltar pra POA preciso me focar na minha carreira, ganhar e juntar grana, poder me manter sozinha pra pensar em morar sozinha. E o principal: tenho que ter a certeza de que o nosso amor é de verdade.

Foram esses pensamentos que me fizeram companhia no turno da manha. Durante a tarde eu fiquei imaginando como vai ser reencontrar a Si no aeroporto de Milao, domingo agora - depois de amanha!

Sério, senti praticamente os mesmos sintomas de quando aguardava a chegada da minha família em dezembro. Achei que eu fosse desmaiar, fome, vontade de vomitar, dor de cabeça, tontura, choro. Tudojuntoaomesmotempo e o pior é que dessa vez eu nao podia sentar, porque estava trabalhando.

Quase chorei MESMO!

Acho que vai ser bem emocionante. Tenho certeza que vai ser. E ontem, durante um café com o Bernardo, ele me disse que nesses 4 anos dele fora do Brasil nunca aconteceu uma coincidência dessas com ele. Bah, me senti a ganhadora da Sena. Da MEGA sena, apesar de a minha conta bancária continuar meio vazia.
E é isso. Fecho aqui os meus pensamentos de sexta, antes que os ponteiros do relógio os fechem por mim.

23h40 em Barcelona.

1 Comments:

At jue feb 15, 04:51:00 p. m. CET, Anonymous Anónimo said...

teu nariz é muito fofo! impressionante! vontade de mordiscar....

 

Publicar un comentario

<< Home