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sábado, abril 14, 2007

Amizades Efêmeras

Me lembro que uma das primeiras vezes que eu ouvi a palavra "efemero" foi durante a faculdade. Esse vocábulo pertencia a parte do título de um livro - muito bom, diga-se de passagem - do Gilles Lipovetsky.

Aí cheguei aqui onde estou. Conheci gente e rolou uma identificaçao mútua. Aí tu seleciona aqueles que possuem maiores identificaçoes contigo e forma um grupinho pra todas as horas.

Voltando um pouco a fita: um dia conversei com um dos guris que mora comigo sobre as amizades que fazemos durante períodos que passamos fora, em viagens como essa que realizo hoje. No início eu nao entendia muito bem o que o meu colega de piso queria dizer com amizades efemeras, mas de um dia pro outro minha ficha caiu e eu entendi o código Morse - ou o Da Vinci.

O lance é que estamos aqui em uma situaçao inusitada, na qual temos necessidades e faltas diversas. Aí encontramos pessoas que nos entendem e que já passaram pelo o que a gente está passando. Aí rola uma forte ligaçao. Aí voces constroem um mundo juntos, e de fato querem mudar o mundo juntos. O lance é que nesses âmbitos é muito fácil de taparmos um buraco vazio que existe no nosso interior. É simples demais encontrarmos alguém que também deseja salvar o mundo, que também enxerga todos os problemas brasileiros e procura desesperadamente resolvê-los. Enfim, é tranquilo rolar essa identificaçao forte, mas aí falta uma coisa: a convivência. Falta aquilo que temos com várias pessoas, mas só consideramos MESMO com aquelas que contamos nos dedos de uma mao: os nao sei quantos anos de amizade.

Claro que eu acredito em amizades recentes, recién hechas, mas acredito que uma relaçao - seja ela qual for - necessita de uma base sólida pra dar certo. É bom conhecer os limites do outro, as fraquezas, os defeitos. Saber suportar uma crise, um mau humor. Saber negociar, dar e ceder. Saber ouvir e falar, ambos nas horas certas. Saber dar só aquele abraço que faltava pra tudo começar a se resolver. Saber aceitar críticas construtivas e dá-las também. Nos entender e querer ser entendido. Abrir a sua vida e receber a nossa. Saber dividir irmamente - coisa que meus pais me ensinaram bem - e ao Dani também.

O lance é que muitas vezes um passo maior do que as pernas pode botar tudo a perder, inclusive uma amizade de anos. Ou de meses.

As amizades efemeras estao por todas as partes e existem naturalmente. Quando a gente percebe, ya está. Me parece que o grande mote é sabermos até onde podemos ir, qual o limite das cobranças e expectativas.

Eu acredito em amizades de qualquer tipo: efemeras ou da vida inteira. E hoje dedico toda essa profusao de pensamentos a dois amigos em especial - um que eu quero que seja pra vida inteira e outro que já o é.