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miércoles, mayo 23, 2007

O Valor do Real – Para lo que de verdad importa

Esse texto eu desenvolvi para a minha coluna no QUEB e por algum motivo meu estou publicando aqui também.

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Essa semana escolhi falar sobre um assunto que não envolve pontos turísticos nem a (má) educaçao dos turistas. Trago à tona um tema que penso desde que cheguei em Barcelona, há 7 meses e algo: a valorizaçao da vida, da nossa vida.

Barcelona é uma cidade bem preparada para atender aos deficientes físicos. Todas as calçadas de todas as ruas da cidade foram pensadas e desenvolvidas a fim de facilitar o acesso de cadeiras de rodas. A cada esquina há rampas de acesso, o metrô tem elevadores que fazem a ligaçao do mundo exterior com o subterrâneo e a frota de ônibus também possui rampas, igualmente como já ocorre em algumas cidades brasileiras.

Como a capital da Catalunya é uma cidade muito antiga, com recantos que possuem muitos e muitos anos de vida, há a impossibilidade de adaptar a arquitetura da época às necessidades atuais dos cidadaos. Aí o que ocorre são edifícios antiguíssimos sem elevadores e com escadas que às vezes são muito estreitas. Alguns prédios têm capacidade para um elevador e já estao readaptados, mas na grande parte das residências verticais isso não é possível. O bairro gótico, ou "ciutat vella" (isso mesmo, cidade velha em catalao), por exemplo, é cheio de ruelas com prédios estreitos e construídos no arco da velha, sabe-se lá há quantos anos.

Em alguns ponto turísticos também não há o acesso com rampas. As igrejas, na sua maioria, não possuem entradas para cadeiras de rodas o que gera diversos constrangimentos. Já vi um senhor que se negou a entrar num desses recintos religiosos, porque não havia acesso especial e, enquanto sua família conferia o interior da segunda igreja mais antiga da Europa, o senhor resmungava baixinho do lado de fora: "Eu não sou bem-vindo nesse lugar e por isso não vou entrar". Em outro local, que possuia uma rampa localizada na entrada dos fundos, uma senhora também não quis entrar, porque não se sentiu bem-vinda. É chato, é constrangedor.

Não é só de rampas que irei falar. Há 7 meses e pico vejo muita gente nas ruas e percebo como é elevado o índice de pessoas com algum tipo de deficiência física. Já vi coisas que até pensei nunca existir, e não entrarei em detalhes. Irei apenas relatar uma situaçao específica: todos os dias um homem, na faixa dos 30 e poucos anos, passa por mim. Pelos traços do rosto já se percebe que é imigrante, mas isso é indiferente. O que me toca, o que mexe muito comigo é o fato de ele não ter mais os dois braços. Nos cruzamos sempre, mais ou menos na mesma hora e, ao longo desses inúmeros encontros eu me questiono sobre como deve ser a vida desse indivíduo que necessita de auxílio até para ir ao banheiro. E isso sim é despir-se de tudo o que há de mais sagrado no mundo e é totalmente individual: a intimidade e a privacidade que todos os cidadaos do mundo têm direito.

É assim que sempre me pergunto, há 7 meses e alguns muitos dias: a gente reclama do quê???
Somos felizes, afortunados e sabemos disso, mas ainda não valorizamos o suficientemente.
Além de não se cuspir no prato em que se come, não se reclama de boca cheia.
Viva a vida, porque ela é linda!

3 Comments:

At jue may 24, 04:28:00 p. m. CEST, Blogger mari pureza said...

oi.. que inveja do teu blog, tu consegue escrever nele... porque eu nao??? qual e o problema? nao consigo compreender!! me ajudaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
heheheh
muito bom esse texto! bem a real!
bjosss

 
At sáb may 26, 12:57:00 a. m. CEST, Blogger Juliana Eichenberg said...

Eu já disse isso noutra feita: a Dé não escreve, a Dé ensina.
Essa "aula" de cidadania e valores íntegros é coisa rara nos dias de hoje. Dé, tá muito bom!
Beijo

 
At sáb may 26, 12:59:00 a. m. CEST, Blogger Juliana Eichenberg said...

Me desculpa... o aula nem carecia de aspas! é A-U-L-A mesmo.

 

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