Esse texto foi pensado e escrito a quatro maos. Além das minhas, há a colaboraçao e experiência do meu amigo Bernardo Dias Magalhaes, gaúcho, arquiteto e que já conta os dias para retornar à nossa terra verde e amarela, após quatro anos e meio de exílio voluntário – como eles mesmo denomina o período de residência na Europa.
------------------------------------------------------------------------------------------------
Atualmente temos mais facilidade em perceber, a raios de distância, que eles estao por toda a parte. Aqui, aí, acolá. E com o passar dos tempos o nosso limite de tolerância diminui. Que a verdade seja dita: os deslumbrados fazem parte dessa selva que é a vida fora do Brasil.
Ainda não sabemos como definir muito bem o perfil desses indivíduos, mas os primeiros indícios são de fácil percepçao. É comum encontrar gente com a cabeça cheia de vento, pessoas que quando abrem a boca só falam barbaridades e pior ainda, muitas vezes são absurdos equivocados sobre o nosso país-mae. Sobre o nosso verde e amarelo.
Os deslumbrados estao espalhados pelo mundo e se pode conhece-los em festas, no parque, na praia, em um passeio ou numa simples troca rápida de palavras. São amigos de amigos, ou até mesmo os próprios amigos, pessoas que encontras na noite, no dia, enfim, estao por aí, e as únicas coisas que os deslumbrados possuem em comum conosco são a nacionalidade e o passaporte verde. E vamos combinar que, apesar de o Brasil estar na moda, o livrinho verdinho já não abre mais tantas portas pelo mundo assim como se imagina.
Essa semana a manchete de um importante jornal espanhol anunciava a prisao de 44 brasileiros que falsificam passaportes e documentos portugueses para vendê-los a brasileiros ilegais na Europa. Uma vergonha.
Outro fato importante é a vista grossa que vem ocorrendo com os brasileiros na chegada aos aeroportos da Espanha. Entrar no país já não é mais tao oba-oba assim. A imigraçao local está fazendo vista grossa. Há alguns meses um gaúcho, na faixa dos 20 e poucos anos, foi deportado no aeroporto de Madrid. Depois de uma bateria de perguntas foi encontrado nos arquivos oficiais que o moço já havia solicitado o visto de estudante anteriormente, mas após o seu vencimento permaneceu ilegal no país por mais um ou dois anos. Deportado. Aí, não são poucos os e-mails que recebemos com notícias de que a Espanha tem preconceito religioso, racial ou lo que sea. E cá entre nós, os espanhóis têm todo o direito de não aceitar em suas terras alguém que já burlou as regras.
Não satisfeitos, é triste e constrangedor ver gente da nossa gente deteriorando a imagem do Brasil através de declaraçoes absurdas, ou ainda pessoas com formaçao superior que se submetem (e se acomodam) a certas situaçoes, só porque o que realmente interessa é estar morando na Europa.
As oportunidades estao aí para todos e resta a cada indivíduo enxerga-las e saber como aproveitá-las da melhor maneira possível. É sempre bom lembrar que nós, brasileiros estudantes, que atualmente residimos na Europa não temos a vida dos deuses que muitos ilusionam e até invejam. Não estamos todos os dias na balada ou tomando martini na praia. Não somos turistas de ocasiao. Aqui, somos todos farinha do mesmo saco. Não temos sobrenome, costas quentes, lista vip com acesso preferencial.
Estamos na Europa sim, mas isso não é tudo.